segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

VOZ DA NOITE

VOZ DA NOITE

Nestas doridas horas da calada
Da noite, inquieto meditando ainda
Um velho assunto, escuto em voz magoada
Lá fora um canto de ternura infinda.

Suspenso então: - Que lira enamorada,
Que harpa celeste ou cítara benvinda
Anjos vibram, que em trêmula toada
A alma arrebata pela noite linda?

Indago. E presto, a porta, embevecido,
Abro. Derramo na amplidão vazia
Olhos de espanto, aguço atento o ouvido...

Mas cessa o canto, e nos dormentes ares
Vejo apenas a lua, enorme e fria,
Calma, suspensa, dominando os mares.

Alberto de Oliveira

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