VOZ DA NOITE
Nestas doridas horas da calada
Da noite, inquieto meditando ainda
Um velho assunto, escuto em voz magoada
Lá fora um canto de ternura infinda.
Suspenso então: - Que lira enamorada,
Que harpa celeste ou cítara benvinda
Anjos vibram, que em trêmula toada
A alma arrebata pela noite linda?
Indago. E presto, a porta, embevecido,
Abro. Derramo na amplidão vazia
Olhos de espanto, aguço atento o ouvido...
Mas cessa o canto, e nos dormentes ares
Vejo apenas a lua, enorme e fria,
Calma, suspensa, dominando os mares.
Alberto de Oliveira
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