segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Amélia de Oliveira (1868-1945)


Amélia, tempos depois, ainda esperançosa de revê-lo, exprimiu seus sentimentos nos sonetos abaixo:
 Amélia de Oliveira (1868-1945)

Talvez já tudo tenhas esquecido:
aquela casa e as árvores frondosas
da entrada do caminho e as brancas rosas
  e o coqueiral, altivamente erguido.

O bando de aves tímidas, saudosas,
a desferir seu canto enternecido,
e aquele céu azul, indefinido,
cheio de sóis, de estrelas luminosas.

Quanta mudança encontrarás se um dia
  ali fores!. . . Tristonhos, tumulares,
  o arvoredo, o rosa !... O espaço mudo.

E só, errante, a soluçar, sombria,
  a saudade acharás se ali voltares.
Mas... Talvez tenhas esquecido tudo!
 Amélia de Oliveira (1868-1945)
" Prece"
Não te peço a ventura desejada,
 nem os sonhos que outrora tu me deste,
 nem a santa alegria que puseste
nessa doce esperança já passada.

O futuro de amor que prometeste,
 não te peço! Minha alma angustiada
 já te não pede, do impossível, nada,
 já te não lembra aquilo que esqueceste!

Nesta mágoa sofrida ocultamente,
nesta saudade atroz que me deixaste,
neste pranto que choro ainda por ti,

nada te peço! Nada! Tão-somente
 peço-te, agora, a paz que me roubaste,
 peço-te, agora, a vida que perdi!

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