segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

AMÉLIA DE OLIVEIRA


AMÉLIA DE OLIVEIRA
(1865?-1945)



Amélia de Oliveira foi a eterna noiva de Olavo Bilac, era irmã de seu amigo o poeta Alberto de Oliveira. Por certo, chegaram a ser noivos oficialmente mas, com a morte do pai dela, o irmão que assumia o posto de patriarca da família, impediu o noivado. Nenhum dos dois casou e continuaram trocando poemas de amor. Como os que vão abaixo, que ela supostamente dedicou ao amado:



SONETO

Não te peço a ventura desejada,
Nem os sonhos que outrora tu me deste,
Nem a santa alegria que puseste
Nessa doce esperança, já passada.

O futuro de amor que prometeste
Não te peço! Minha alma angustiada
Já te não pede, do impossível, nada,
Já te não lembra aquilo que esqueceste!

Nesta mágoa sorvida, ocultamente,
Nesta saudade atroz que me deixaste,
Neste pranto, que choro ainda por ti,

Nada te peço! Nada! Tão-somente
Peço-te agora a paz que me roubaste,
Peço-te agora a vida que perdi!



SONETO

Noite fechada! O espaço inteiramente
É trevas, Que tristeza encerra esta hora
Em que tudo é silêncio e a alma que chora
Abafa as vozes do sofrer latente!

Mas um canto vibrou, longe, plangente...
Quem é que a solidão perturba agora?
OH! Quem se atreve pela noite afora
Um grito desferir, lugubremente?

É, porventura, uma alma forasteira,
Que vagueia, sozinha na espessura
Da noite, procurando a companheira?

Não... Talvez seja a gargalhada insana
De alguma ave de agouro que procura
Escarnecer da dor da vida humana!


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